O próximo ano será marcante para o  clima no Espaço, pois o Sol despertará de uma fase de baixa atividade,  dando início a um anunciado período de turbulência, possivelmente  destrutivo. Muitas pessoas podem se surpreender ao saber que o Sol, ao  invés de queimar com uma consistência ininterrupta, oscila em momentos  de calmaria e agitação.
Mas após dois séculos de  observação das manchas solares - marcas escuras, relativamente frias na  superfície do Sol, vinculadas com poderosas forças magnéticas -  revelaram que a nossa estrela obedece a ciclos de comportamento de cerca  de 11 anos.
O último começou em 1996 e por  motivos que ainda permanecem obscuros, levou mais tempo que o previsto  para terminar. Agora, no entanto, há cada vez mais indícios de que o Sol  está deixando o seu torpor e intensificando sua atividade enquanto  avança para aquilo que os cientistas convencionaram chamar de "Solar  Max" ou clímax cíclico, afirmaram especialistas.
"A última previsão indica meados  de 2013 como a fase pico do ciclo solar", antecipou Joe Kunches, do  Centro de Previsões do Clima Espacial da Nasa. Mas há um período  prolongado de alta atividade, "mais como uma estação, com duração de  cerca de dois anos e meio" para cada fase do pico, alertou.
Em seu período mais intenso, o  Sol pode lançar ondas de radiação eletromagnética e matéria carregada  conhecida como ejeções de massas coronais (CMEs). Esta onda de choque  pode levar alguns dias para alcançar a Terra. Quando chega ao nosso  planeta, condensa seu campo protetor magnético, liberando energia  visível em altas latitudes na forma de auroras boreal e austral - as  famosas Luzes do Norte e do Sul.
Mas as CMEs não são apenas belos  eventos. Elas podem desencadear descargas estáticas e tempestades  geomagnéticas capazes de romper ou até mesmo causar pane na  infraestrutura eletrônica da qual depende nossa sociedade urbanizada e  obsecada por se manter conectada.
Menos temidos, porém igualmente  problemáticos, são os flares solares ou erupções de prótons  supercarregados que alcançam a Terra em questão de minutos. Na linha de  frente estão os satélites de telecomunicações em órbita geoestacionária,  a uma altitude de 36 mil km, e os satélites do Sistema de  Posicionamento Global (GPS), dos quais dependem os aviões e os navios  modernos para navegação e que orbitam a 20 mil km.
Em janeiro de 1994, descargas de  eletricidade estática provocaram uma pane de 5 meses no satélite de  telecomunicações canadense Anik-E2, uma falha que custou 50 milhões de  dólares. Em abril de 2010, a Intelsat perdeu o Galaxy 15, usado no  serviço de comunicações na América do Norte, depois que o link com o  controle de solo foi cortado, aparentemente devido à atividade solar.
"Estas são falhas totais nas  quais todos nós pensamos", disse Philippe Calvel, engenheiro da empresa  francesa Thales. "Ambas foram causadas por CMEs", emendou. Em 2005,  raios-X de uma tempestade solar cortaram a comunicação entre o satélite e  o solo e os sinais de GPS por cerca de 10 minutos.
Para dar conta da fúria solar,  projetistas de satélites escolhem componentes robustos, testados e  experimentados, bem como proteção para o equipamento, mesmo que isto o  deixe mais pesado e volumoso, e portanto mais caro de se lançar, disse  Thierry Duhamel, da fabricante de satélites Astrium.
Outra precaução é a redundância,  isto é, ter sistemas de backup para casos de mau funcionamento. Na  Terra, linhas de transmissão, conexões de dados e até mesmo oleodutos e  gasodutos são potencialmente vulneráveis.
Um alerta remoto de risco  remonta a 1859, quando a maior CME já observada ocasionou auroras  avermelhadas, roxas e verdes mesmo em latitudes tropicais. A então  recém-desenvolvida tecnologia do telégrafo enlouqueceu. Correntes  induzidas geomagneticamente nos cabos deram choques em operações de  telégrafos chegaram a incendiar os telegramas.
Em 1989, um fenômeno bem mais  sutil cortou a energia do gerador da canadense Hydro Quebec, provocando  um blecaute de nove horas que afetou seis milhões de pessoas. "Há muito o  que desconhecemos sobre o Sol. Mesmo no suposto declínio ou fase de  calmaria, podemos ter campos magnéticos no Sol que são muito  concentrados e energizados por um tempo, e podemos ter atividade  eruptiva atípica. Para resumir, temos uma estrela variável", concluiu  Kunches.
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